O medo
Sinto um vazio dentro de mim,
Sinto a angústia me bater,
Sinto tanto medo...
Que acabo tomando tempo
Tempo de quem tem o que fazer,
Tempo onde o tempo não me dá tempo,
Pra refletir, pra chorar, pra me estimular.
Estimular meu coração,
Que há um tempão, não tem braseira,
Não tem lampião e nem paciência.
Paciência para esperar
Eu mesma florescer, crescer, envelhecer
E só depois morrer.
Sinto que já estou morta,
Pois fui entregue e me entregue
A boca desse poço,
Chamado mundo imundo de corações.
Corações ardentes ranchindo os dentes
Que machucam a gente
Que tomaram conta do meu eu
E do meu apogeu.
Disseram-me que isso
Que acontece comigo,
Acontece com qualquer gente
Só gostaria de entender então;
"Cadê o Deus Criação, da gratidão?"
Preciso de amor, preciso ser amada
Preciso de tempo pra me dar mais tempo,
Preciso me organizar e desvencilhar
Das minhas próprias opressões.
Quero desmaiar, enquanto me sinto só
Desmaiada
Mergulhar dormindo num outro mundo,
Num outro lugar, em qualquer lugar
Lugar onde eu possa me encontrar,
Onde eu possa me sentir...
Sentir-me útil, agradável, amável, sociável
Contente e ardente em tudo que eu fizer.
E nunca mais dizer ou escrever
Sinto um vazio dentro de mim,
Sinto a angustia me bater,
Sinto tanto medo que acabo tomando
Meu próprio tempo...
Quero morrer,
Mas nem a morte me quer.
Celeste Febe da Silva. 11/08/2006
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