quarta-feira, 24 de março de 2010


O medo





Sinto um vazio dentro de mim,


Sinto a angústia me bater,


Sinto tanto medo...


Que acabo tomando tempo




Tempo de quem tem o que fazer,


Tempo onde o tempo não me dá tempo,


Pra refletir, pra chorar, pra me estimular.




Estimular meu coração,


Que há um tempão, não tem braseira,


Não tem lampião e nem paciência.




Paciência para esperar


Eu mesma florescer, crescer, envelhecer


E só depois morrer.




Sinto que já estou morta,


Pois fui entregue e me entregue


A boca desse poço,


Chamado mundo imundo de corações.




Corações ardentes ranchindo os dentes


Que machucam a gente


Que tomaram conta do meu eu


E do meu apogeu.




Disseram-me que isso


Que acontece comigo,


Acontece com qualquer gente




Só gostaria de entender então;


"Cadê o Deus Criação, da gratidão?"




Preciso de amor, preciso ser amada


Preciso de tempo pra me dar mais tempo,


Preciso me organizar e desvencilhar


Das minhas próprias opressões.




Quero desmaiar, enquanto me sinto só


Desmaiada


Mergulhar dormindo num outro mundo,


Num outro lugar, em qualquer lugar




Lugar onde eu possa me encontrar,


Onde eu possa me sentir...


Sentir-me útil, agradável, amável, sociável


Contente e ardente em tudo que eu fizer.




E nunca mais dizer ou escrever




Sinto um vazio dentro de mim,


Sinto a angustia me bater,


Sinto tanto medo que acabo tomando


Meu próprio tempo...




Quero morrer,


Mas nem a morte me quer.




Celeste Febe da Silva. 11/08/2006



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